Meu Desafio na Arrow

Arrow Electronics Five Years Out - Innovator Club logo
NOTE: Ricardo não trabalha mais na Arrow. No lugar de guiar a inovação à distÂncia, ele agora está numa nova empreitada: Repo Consultoria e Outsourcing.

Sou muito orgulhoso das empresas em que eu trabalhei e eu tenho a sensação feliz de ter feito um trabalho bem feito nestes lugares. Costumo dizer que eu tinha méritos nessas empresas e o maior destes méritos sempre foi a minha dedicação. Mas, antes da Arrow, eu era um engenheiro desenvolvedor. Eu fiz o meu melhor para ser um bom profissional, eu tentei ensinar minha equipe e ser um bom colega. Mas esse tempo chegou ao fim.

Um dia, entrei para Arrow. Embora eu sempre vou ser um desenvolvedor de coração, eu não era mais um deles na prática. Comecei a trabalhar como Engenheiro de Aplicação. Eu comecei a visitar os clientes e conhecer outros desenvolvedores de diferentes indústrias. Foi quando a viagem começou. Trabalhar para a Arrow foi uma experiência de mudança de paradigma. Mas me permita comentar um pouco sobre o tipo de sistemas que eu estava acostumado a trabalhar nos meus tempos de desenvolvimento.

Eu era um desenvolvedor de sistemas de alto desempenho com FPGA. Uma placa de circuito com 8 camadas? Fácil, torna-se grande acima de 20 camadas. Megahertz? Lento, vamos chegar ao Giga. BGA? Manda brasa, quanto mais, melhor! Por que economizar U$ 10,00 se você pode gastar para tornar o projeto mais robusto? Para torná-lo mais rápido? Bom, é claro que eu não fazia isso sozinho: equipes de 10 ou mais engenheiros, além de vários outros caras de software. Esse era o meu mundo.

Em seguida, houve este cliente que eu visitei em minhas primeiras visitas. Ele era um (e só um) desenvolvedor para a empresa e reclamava que ele não poderia fazer sua placa com menos de 2 camadas para reduzir seus custos. Ele usava um processador de 8 bits velho, +15 anos. Em um encapsulamento DIP PTH (Dual In-line Package, Pin Through Hole). Toda a placa tinha menos de 20 componentes, incluindo resistores e capacitores. Eu fiz o meu trabalho: eu ofereci nova tecnologia. Um monte de nova tecnologia. Depois de todas as minhas sugestões, o cara disse:

Não seja orgulhoso desta impressionante nova tecnologia que você sugeriu. Infelizmente, a capacidade para construir este sistema não é nada, comparada à pressão do baixo custo.

Eu posso jurar que ele soava como o Darth Vader. Brincadeiras à parte, eu estava tentando ajudá-los a, pelo menos, ficarem atualizados; ele tinha tecnologia perigosamente ultrapassada. Insisti que ele deveria mudar a velharia… Mas não, ele não queria, que seria muito caro, ele não tinha recursos, não há tempo e nem as habilidades. Só que esta não era a parte assustadora. Eu estava quase desistindo quando eu fiquei sem argumentos; foi então que eu disse que ele poderia ter problemas se algum componente saísse de linha. Bem, a resposta foi a parte realmente assustadora:

Então eu quebro.

Sim. Era isso. E eu fiquei chocado. Eu não conseguia entender por quê ou como alguém não seria capaz de mudar um projeto tão simples. Eu levei um dia inteiro para entender isso. Nestas semanas, a Arrow não só fez o meu mundo maior, mas mais importante é que ela me fez perceber que eu poderia ajudar esses caras da mesma forma que eu costumava ajudar a minha equipe. Eu tinha que fazer alguma coisa.

Quase ao mesmo tempo eu descobri essa coisa de “Arrow 5 Years Out”. Foi um impulso sinérgico com o que eu estava começando a fazer. Primeiro, eu tinha que sair da minha bolha e enfrentar a realidade; existem todos os tipos de projeto e o mérito está na ideia, e não na complexidade. Segundo: para realmente ajudar, eu deveria compartilhar cada bit de conhecimento que eu tinha.

A partir desse novo estado de espírito, eu comecei a enxergar os clientes, especialmente os desenvolvedores, como parte da minha própria equipe. Eu decidi aprender com eles, ensinar quando eu podia e a trocar conhecimento sempre que possível. Como esperado, funcionou muito bem. Isso me deu confiança para escrever um livro, para escrever aqui e mais importante é que me deu a mesma sensação agradável de volta. de quando eu estava projetando.

O desejo de ajudar e fazer com que todos os desenvolvedores que eu conheci estejam 5 Years Out (5 anos à frente) foi e ainda é o maior desafio que enfrento na Arrow. Essa é a minha 5 Years Out: para ajudar desenvolvedores a projetar bons sistemas com potencial de mudar a vida das pessoas. Eu desejo aos desenvolvedores a real satisfação real sobre o que eles fizeram, não apenas que tenham uma diversão instantânea. Eu quero que eles tenham a agradável sensação de trabalho bem feito. Eu quero que eles 5 Years Out.

Creative Commons License

Esta obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

Sobre rftafas 183 Artigos
Ricardo F. Tafas Jr é Engenheiro Eletricista pela UFRGS com ênfase em Sistemas Digitais e mestre em Engenharia Elétrica pela PUC com ênfase em Gestão de Sistemas de Telecomunicações. É também escritor e autor do livro Autodesenvolvimento para Desenvolvedores. Possui +10 anos de experiência na gestão de P&D e de times de engenharia e +13 anos no desenvolvimento de sistemas embarcados. Seus maiores interesses são aplicação de RH Estratégico, Gestão de Inovação e Tecnologia Embarcada como diferenciais competitivos e também em Sistemas Digitais de alto desempenho em FPGA. Atualmente, é editor e escreve para o "Repositório” (http://161.35.234.217), é membro do editorial do Embarcados (https://embarcados.com.br) e é Especialista em Gestão de P&D e Inovação pela Repo Dinâmica - Aceleradora de Produtos.
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments