Você é autêntico?

Existe como ser autêntico, quando se segue uma tendência?

É muito comum, durante a vida profissional, deparar-se com tendências. Posso listar algumas:

  • Ser PMP
  • Ser SCRUM Master
  • Ser Green/Black belt

E etc. Quando pergunto porque este povo se atraca em tanta formação, a resposta é unânime:

Para ter um diferencial.

Curiosamente, este mesmo povo prega contra a necessidade da verificação ou contratação orientada por formação. Mas isso não vem ao caso. O problema sério desta resposta é:

“Diferencial”

Fazer um curso que todo mundo faz vai trazer algum diferencial?

A Moda

Eu sempre achei estranho como uma pessoa segue a moda para se vestir diferente. Pois, até onde eu sei, justamente o conceito de moda é o valor mais frequente do espaço amostral. Ou seja: quando se usa uma roupa da moda, usa-se roupas que a maioria está usando.

Ok, tem detalhes. É neles que a autenticidade fará toda diferença.

Quando se tem uma formação igual a de todo mundo, quando se cursa algo que todo mundo cursa, o que difere a qualidade de um profissional de outro não é o curso. É a própria pessoa. É o toque pessoal que transforma um conjunto de conhecimento em algo útil ou essencial.

Tal qual no mundo da moda, são os pequenos ajustes que diferenciam os profissionais. Suas opiniões. Porém, não é exatamente isso que se vê dentro das empresas… É comum encontrar profissionais extremamente conformados (no sentido de colocados em forma) e agindo exclusivamente como se espera deles.

É normal?

Não. É uma questão de adaptação.

Muita Empresa diz que gosta, mas no fundo, detesta.

Profissionalmente, conheço inúmeros diretores que querem que, na sua frente, as pessoas sejam como ele demanda que elas sejam. Preferem ouvir apenas notícias agradáveis ou ter uma equipe que assuma todos os problemas. A isso dão o nome de “equipe engajada”, mesmo que, no fundo, o time esteja é mandando currículos.

Também conheço empresas que dizem respeitar a autenticidade dos seus funcionários, apenas para enfiar, goela abaixo, a cultura que pregam. E a tirania é algo impressionante: empresas formais demandam formalidade. Alguém pensa:

Mas nas empresas informais, tudo é mais tranquilo.

Experimente aparecer mais formalmente vestido nestas empresas. É possível até perceber a repreensão. Veja: é apenas uma roupagem nova para a clássica determinação do comportamento dos funcionários.

Ser autêntico custa.

Quando se é autêntico, apresenta-se ao mundo um “eu” que é muito parecido com o “eu” que as pessoas tem dentro de si, com seus gostos, desgostos, afeições e medos. Paga-se um preço por não ser aquilo que os outros esperam da gente.

Todo mundo, em tese, deveria saber qual é o preço a pagar por ser quem é. Por que quando não se está disposto a pagar este preço, uma coisa é certa: haverá um estado crônico de dissonância cognitiva. Isso não é, normalmente, muito bom…

Isso é uma coisa muito importante: quando o preço for muito alto, mais fácil é mudar uma atitude, um hábito ou costume. Quando o preço é pequeno, dificilmente compensará passar pela dor que é mudar.

Por exemplo: o preço que pago por ser ético é não levar vantagem em toda a negociação que faço. Porém, é um preço que pago tranquilamente. Da mesma forma, gosto de escrever expondo uma opinião sincera e pago, como preço, além de eventual exposição negativa, com uma boa dose de rejeição. Por exemplo, critiquei pesadamente os coaches de bom senso e sumiram uns 3-4 do meu Linkedin.

Se este é o preço por sempre apresentar opiniões originais, eu pago.

Mas isso quer dizer que não preciso repensar minhas atitudes? É claro que preciso!

Autenticidade não é rigidez.

Toda personalidade é saudável quando sabe se adaptar ao momento e ao ambiente. Em casa, você é mais relaxado. Mais formal e respeitoso no trabalho. Fala absurdos para rir com amigos. Uma pessoa é um conjunto de personas, cada uma para algum momento.

Ser autêntico não é ser alguém que sempre tem uma ideia original e inusitada. É apenas ser quem você é. Totalmente diferente daquele que mantém as aparências… Neste caso, a melhor frase que define estas pessoas é:

“Manter Aparências” é quando uma pessoa faz o que não acredita para mostrar àqueles que ela não gosta que é uma pessoa que ela não é.

E ainda tem gente que acha que vai ser bem sucedido assim… Que belo conceito de sucesso.

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Sobre rftafas 183 Artigos
Ricardo F. Tafas Jr é Engenheiro Eletricista pela UFRGS com ênfase em Sistemas Digitais e mestre em Engenharia Elétrica pela PUC com ênfase em Gestão de Sistemas de Telecomunicações. É também escritor e autor do livro Autodesenvolvimento para Desenvolvedores. Possui +10 anos de experiência na gestão de P&D e de times de engenharia e +13 anos no desenvolvimento de sistemas embarcados. Seus maiores interesses são aplicação de RH Estratégico, Gestão de Inovação e Tecnologia Embarcada como diferenciais competitivos e também em Sistemas Digitais de alto desempenho em FPGA. Atualmente, é editor e escreve para o "Repositório” (http://161.35.234.217), é membro do editorial do Embarcados (https://embarcados.com.br) e é Especialista em Gestão de P&D e Inovação pela Repo Dinâmica - Aceleradora de Produtos.
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