A Falta de Produto.

Eu tenho um mandamento e que vai contra tudo o que se tem dito por aí: que primeiro é preciso validar, que sem validação o produto é um fracasso e etc.

Meu mandamento é diferente:

Tudo o que estiver pronto, vai vender.

Eu explico.

Seguidores

Eu afirmo, repito, propago e divulgo que somos ou um país de inventores ou um país de copiadores. Os inventores são aqueles que estão usando estado da arte de tecnologia, aplicação, modelo de negócios ou etc. Os copiadores, ou em um tempo mais ‘elegante’, os seguidores de tecnologia pegam aquilo que está pronto, mudam algo aqui ou ali e entram no mercado.

Se para os primeiros eu concordo que o meu mandamento é de uma falta de juízo quase total, por outro lado, para quem está apenas seguindo a tecnologia ele é de uma realidade e precisão muito maior. Se já tem alguém no mercado é porque aquele produto foi de certa forma validado. E se esta presença no mercado estiver sendo bem sucedida, é porque o produto foi bem validado.

Guardem isso.

Muito Barulho por Nada

O que eu chamo de um auê sem motivo são modelos de negócio que jamais cristalizam em algum tipo de produto ou serviço. Nas mentorias que eu tenho prestado, a maior preocupação das startups e das empresas tem sido:

  1. Validar a Ideia
  2. Entrar algum programa de Aceleração
  3. Validar a Ideia.
  4. Fazer o MVP
  5. Conseguir Investidor
  6. Validar a Ideia
  7. Pivotar. Alguém já está neste mercado.

Eu não sou louco de dizer que validar uma ideia não é importante. É muito importante. Mas uma ideia precisa ser validada UMA vez. Depois disso a mira tem que ser partir para o produto. O mais rápido possível. E se já há alguém no seu mercado, melhor ainda: a validação precisa ser mais curta.

O mercado livre não aceita monopólios. Podem ver: todo monopólio é sustentado pela intervenção governamental, seja ela protegendo o mercado por lei (Petrobrás, Correios…) ou por regulamentação excessiva e desnecessária (ANATEL, ANEEL, INMETRO…). Sempre vai haver espaço para um segundo fornecedor. Ou terceiro… Eu, por exemplo, detesto celulares da Apple e da Samsung. Isso já me faz um consumidor de Motorola, já que a Nokia sumiu.

Ou seja: não é preciso fazer milagre. Basta ter um produto, um plano lucrativo de negócios e ter um mercado validado.

A Falta de Produto como Modelo de Negócios

Curioso, mas isso está acontecendo. Startups eternamente no início sem produto. Nossa indústria de semicondutores que não produz chips (ok, tem uma ou outra nascendo, mas será que valeu a pena todo o investimento feito? Questionável…).

É o típico caso em que o problema sempre é delegado ao sistema, a algum ente não tangível como o grande culpado.

O problema real? Falta um produto. Algo que as pessoas comprem. Algo que as pessoas usem. Algo que as pessoas contratem. Por pessoas, vamos entender pessoa física ou jurídica.

Duvidam?

Façam o teste de ser “cliente oculto não solicitado”. Eu fiz este teste várias vezes.

  • Escolha uma startup que está bombando.
  • Ligue para perguntar detalhes do produto, como um potencial cliente.
  • Aguarde. Sentado.

É assustador a quantidade de empresas que sequer respondem pelos seus canais de contato. São empresas sem produto. Sem serviço.

Por isso falo dos Seguidores.

É mil vezes melhor montar uma fábrica de clipe de papel do que montar um novo jeito das pessoas fazerem algo que quebra milhares de paradigmas mas não sai do lugar.

Eu sempre digo que a inovação tem que ter impacto: e inventar coisas que as pessoas não usam não tem impacto nenhum. É melhor ser seguidor, inovar algo que não está bom mas já está validado que inventar moda. Quer exemplos de empresas / serviços que melhoraram coisas já validadas?

  • Facebook: a primeira rede social foi o SixDegrees.com em 1997.
  • Instagram: quem lembra dos Flogs?
  • Google: eu comecei usando Yahoo… Mas tinha AOl. Altavista…
  • Whatsapp: Já existia Fring. Skype para celular. MSN para celular. SMS…

Quem diria…

 

 

 

 

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Sobre rftafas 183 Artigos
Ricardo F. Tafas Jr é Engenheiro Eletricista pela UFRGS com ênfase em Sistemas Digitais e mestre em Engenharia Elétrica pela PUC com ênfase em Gestão de Sistemas de Telecomunicações. É também escritor e autor do livro Autodesenvolvimento para Desenvolvedores. Possui +10 anos de experiência na gestão de P&D e de times de engenharia e +13 anos no desenvolvimento de sistemas embarcados. Seus maiores interesses são aplicação de RH Estratégico, Gestão de Inovação e Tecnologia Embarcada como diferenciais competitivos e também em Sistemas Digitais de alto desempenho em FPGA. Atualmente, é editor e escreve para o "Repositório” (http://161.35.234.217), é membro do editorial do Embarcados (https://embarcados.com.br) e é Especialista em Gestão de P&D e Inovação pela Repo Dinâmica - Aceleradora de Produtos.
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Tom Vilela
Tom Vilela
5 anos atrás

Muito bom, parabéns pelo seu trabalho e obrigado.

Oliveira oliveira
Oliveira oliveira
5 anos atrás

ótimo conteúdo parabéns!!!