
E agora que todo mundo usa os e-mails de Google, Outlook, Yahoo… Vale a pena migrar de volta para um modelo menor?
Ultimamente, estamos cada vez mais dependentes de grandes provedores de serviço. Acredito que todo mundo faz buscas com o Google, tem um celular Android ou Iphone, usa Google Drive, One Drive, Drop box. Certamente vê filmes por Netflix.
Deixando de lado a paranoia, afinal, a não ser que uma pessoa registre seus pensamentos mais íntimos, o máximo que se obtém disso são hábitos. E hábitos jamais devem ser usados como “prova de que alguém te conhece”, ainda mais hoje em dia. Mas é fato que estas empresas estão te monitorando.
Eu honestamente não dou bola para isso: faz muito tempo que não discuto nada sério no meu mail, talvez exceto pelo meu mestrado (e a dissertação será pública de qualquer jeito) e uma ou outra conversa sobre negócios. Não faço do meu Gmail um lugar aberto de confissões que poderiam “acabar” com minha vida. No máximo uma ou outra conversa com a Simone, algumas pesquisas por imóveis…
Eu não dou bola se um hacker acessar meu mail. Não armazeno fotos pelado ali. Aliás, o melhor jeito de não ter fotos nuas expostas é não tirar elas. Não sei se alguém já cunhou essa frase, mas é um moto meu desde a adolescência:
O melhor jeito para resolver problemas é não criando um.
Então não estou nem aí para o meu mail. Quase… Exceto por uma coisa. Senhas. Todas as minhas senhas redirecionam para o meu Gmail. E isso sim é um perigo. E não é por causa do conteúdo, mas, sim, por causa disso que existe um movimento de “redecentralizar a Web”.
Redecentralização da WEB, o que é?
Basicamente é usar ou serviços de provedores menores ou, no caso de empresas ou quem é metido, usar servidores próprios para serviços como e-mail, storage, webhosting e etc.
Este blog que você, neste momento, lê, por exemplo. Ele nasceu no wordpress.com. Então eu decidi que não queria hospedá-lo lá. Acabei alugando não um serviço de hospedagem que poria meu site no ar, mas um servidor na nuvem. Tive que configurar o treco todo. Ok, tem receitas na web para fazer isso com segurança.
Mas o ponto que quero salientar aqui: já dei uma certa decentralizada, afinal, eu tenho controle do servidor. “Se me der a louca“, eu posso migrar tudo para um servidor meu. É algo que até está em perspectiva de longo prazo, para ser honesto…
Eu penso que serviços críticos ou qualquer coisa que signifique a atuação profissional de alguém ou de alguma empresa deve estar sob o controle da própria empresa. Não necessariamente sob a forma de servidores proprietários, mas talvez algo parecido com o meu servidor na nuvem.
É sempre bom ter a opção de “chutar tudo” e tomar para si o controle, claro, “se der a louca”…
Obstáculos
Não existe almoço grátis.
E não existe mesmo. É muito difícil achar alternativas gratuitas a estes serviços que ofereçam opção de privacidade de verdade. O usuário comum acaba a mercê destes serviços pois ele se sujeita a uma troca: ele tem o serviço de graça, porém, paga com seus dados. Igual a TV: você paga com seu tempo vendo os comerciais. A TV é grátis em termos…
Então uma coisa deve ficar muito clara: quem usa um serviço grátis está pagando com suas informações, com seus hábitos e etc. Como eu disse, é um preço muito barato, pois as pessoas oferecem seus hábitos de graça ao fazer checkin, postar foto de comida ou adoram fazer propaganda que compraram isso ou aquilo.
Dificilmente o Google vai vazar as fotos de alguém; normalmente o comportamento das próprias pessoas é que as coloca em situação complicada ou exposta: precisa tirar tanta foto pelado no celular que você carrega por aí?
Eu, por exemplo, nunca me estressei com os anúncios do Gmail. Até aí tudo bem…
O que fazer?
Para quem não se preocupa muito
Como o meu caso.
A única coisa é mudar apenas o e-mail para uma alternativa mais segura ou não deixar os e-mails no servidor. Foi-se o tempo que espaço era problema para a maioria dos usuários: eu acho que se tirar o lixo, meu gmail tem uns 200MB de e-mail útil…
Eu decidi montar um servidor de e-mail na nuvem, por enquanto ainda sem data para fazer isso. Como eu disse, no meu Gmail não tem muita coisa que preste, sigo com ele. Eu tenho migrado o direcionamento de senhas para um outro mail, mais seguro. Mas as dicas são:
- Usar o mail da faculdade
- Usar o e-mail do provedor
- Usar alguns dos serviços de webmail listados aqui.
- Usar provedores de mail que permitam acesso POP ou IMAP e um aplicativo para não deixar os e-mails no provedor (ou deixar por tempo determinado, apenas).
- Exemplos: GMAIL + Thunderbird. Tem muito tutorial para usar a dupla.
Para quem é preocupado
Aí é mão na massa e eventualmente comprar um servidor ou no mínimo montar um em nuvem e administrá-lo. Para obter um IP, um serviço de VPN com IP fixo pode ser a solução, se este provedor não fizer NAT. Muitos não fazem e até onde testei, o que eu uso não faz.
Tenho migrado, mas a título de aprendizado, alguns serviços, aos poucos, para fora da nuvem e, sinceramente, montar um servidor com redundância é razoavelmente simples. Então vou listar aqui algumas coisas que tenho visto e estudado, para ver se consigo ajudar:
- Mail: Mail-in-a-Box
- Armazenamento: Owncloud
- Senhas: keepass (e suas variações para smartphone) + owncloud
- Músicas, fotos, arquivos de mídia: é só usar o armazenamento do owncloud.
- Streaming: Plex
- Analytics: Piwik
No mais, uma procurada no “alternativeto” por versões self-hosted pode ajudar a encontrar mais alternativas a serviços.
Quer saber mais?
Aqui é basicamente conteúdo técnico…
Dá uma olhada neste site. Eu caí nele quando estava procurando tutoriais de como montar um mail server para o blog.
E um projeto muito legal neste sentido: