Piores Filmes com Desenvolvedores

Abacaxi no Fundo Preto

Alguns filmes até podem ser considerados bons sob qualquer aspecto de ação, efeitos especiais, enredo… Mas não apresentam nem de perto como é, de fato, a vida de um desenvolvedor…

A lista abaixo contém perolas que são verdadeiros abacaxis em vários sentidos. Alguns mostram um jeito completamente maluco de desenvolver software. Tipicamente, para ser bom tecnologicamente em filme:

  • Digite muito rápido
  • Abra muitas janelas
  • Nunca escreva scripts. Execute todos os comandos de cabeça e lembre de todos os parâmetros de cabeça.
  • Protótipos não são coisas experimentais pouco funcionais. São tecnologias perfeitas que acabam escondidas.
  • Nunca documente nada: assim, se o protótipo se perder, tudo se perde (eu chamo isso de “Soro do Capitão América)

Bom, mas agora aos filmes e porque são abacaxis. A premissa é: o filme quer ser sério ao mostrar o trabalho de desenvolvimento, mas é tão farofa que não consegue…

Swordfish

Conta a história de uma entidade paramilitar que quer acesso a um dinheiro travado. Para acessar tal dinheiro, precisam de um hacker que faz códigos dançando (sério! Vejam aqui).

Porque é um abacaxi?

Primeiro porque creio que desde o nascimento de qualquer sistema Posix, sem acesso ao terminal, é impossível executar qualquer coisa. Eu nunca entendo como os caras conseguem apertar um alt+tab e do nada abrir uma janela de execução de scripts.

Para quem não é desenvolvedor: tente obter privilégios de administrador (root) no seu celular (“rootar”). Aí você vê como é difícil.

Sem contar aquele estilo “exótico” de desenvolver… Sério, quando você programa você teoricamente sabe o que está fazendo. Não precisa ficar na expectativa, se der pau, você vai lá e corrige.

Hackers

Conta a história de um grupo de clubers que mexe com computador.

Porque é um abacaxi?

Primeiro: eu não consigo entender porque diabos as pessoas associam hackers a gente que curte rave, clubs e adora se vestir estranho. Sério mesmo. Eu tenho quase certeza que se peneirar em uma rave inteira, boates ou clubs, veremos muito mais fisioterapeutas, nutricionistas e professores de educação física, advogados, médicos do que necessariamente engenheiros, cientistas da computação, hackers e afins.

Fora isso, o jeito com que mostram como é invadir um sistema ou coletar informações no lixo é ridículo. É mais fácil (e higiênico) passar um trote e pegar uma senha do que qualquer outra coisa…

Nota: um hacker de verdade vai gastar as 12 horas de uma rave mexendo em algo técnico. Ou jogando PC. No Autodesenvolvimento, eu conto uma história, chamada “Compilando o Kernel”, em uma seção chamada “Trégua ao Desenvolvimento”.

Live Free or Die Hard (Die Hard 4.0)

diehard

Um policial e um técnico de computadores precisam salvar o mundo (os EUA, no caso) de um hacker que tomou conta de todos os serviços.

Porque é um abacaxi?

Antes uma coisa: como filme de ação ele não é ruim. Mas como aqui estamos avaliando do ponto de vista de desenvolvimento…

É ruim porque eu realmente gostaria que fosse possível controlar as coisas desta maneira. O mundo seria melhor, os serviços melhores e tudo muito mais barato. Estamos MUITO longe disso. Uma ideia, um pouco vandalizadora, é jogar uma barra de ferro para cortar os fios de um poste por curto-circuito. Sem avisar, sabem quanto tempo vai levar para alguém fazer algo?

Eternidade. Portanto, preserve a infraestrutura.

O filme assusta leigos. E só. Aliás, tem uma lista de menções honrosas com o mesmo problema:

Independence Day

idependenceday

Um técnico de TV a cabo e um piloto americano, junto do presidente dos Estados Unidos, enfrentam naves alienígenas avançadas, que não possuem antivírus nem senha de login.

Porque é um abacaxi?

Este é um filme que eu “não vi” várias vezes, ou seja, toda vez que eu poderia assistir a este filme, mas opto por não assistir, eu conto mais uma vez que eu “não vi”. Esse é tão ruim que vou listar as asneiras:

  • Mesmo que o vírus fosse de fato poderoso, ele não seria feito para o sistema operacional dos alienígenas.
  • Não é porque você usa um canal de comunicação (no caso, a rede de satélites) que você precisa de um sistema operacional igual nas duas pontas. Por exemplo: se você lê isso de um PC Windows, saiba que este site é hospedado em Linux.
  • Mesmo que se conheça o sistema operacional dos alienígenas, a linguagem de programação e etc, não se teriam logins. Cá entre nós: é difícil adivinhar a senha de 4 números do PIN do celular de alguém, imagina os protocolos de segurança de uma civilização avançada com capacidade telepática…
  • E a melhor: se mesmo os alienígenas fossem estúpidos em termos de computação, mesmo sem escudos, mesmo sem nada, as naves deles eram imensamente mais avançadas. Mesmo na várzea eles iriam vencer. Fato.

Paycheck

paycheck

Um engenheiro genial trabalha em projetos extremamente secretos que deve ter sua memória apagada após os mesmos. Porém, em um deles, ele deixa pistas para descobrir sobre o que era tal projeto e como pode ele mesmo terminar sua própria invenção.

Por que é um abacaxi?

Porque um cara que trabalhe em projetos para depois esquecer dos mesmos simplesmente vai ter o mesmo conhecimento de um sujeito recém saído da faculdade. Além disso, sua proficiência será sempre de iniciante. Portanto, o sujeito jamais vai ser contratado para grandes projetos.

Sem contar na velha falácia do projeto de um homem só.

Menção (Des)Honrosa

E uma menção (des)honrosa para a talvez mais estúpida cena que eu já vi na vida. Acho que quiseram fazer uma analogia à cena do piano, do filme Big (no Brasil, “Quero ser grande”)… Enfim, esta só não entra na lista por ser de um seriado:

E com essa fecho esse post. Desculpem.

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Sobre rftafas 183 Artigos
Ricardo F. Tafas Jr é Engenheiro Eletricista pela UFRGS com ênfase em Sistemas Digitais e mestre em Engenharia Elétrica pela PUC com ênfase em Gestão de Sistemas de Telecomunicações. É também escritor e autor do livro Autodesenvolvimento para Desenvolvedores. Possui +10 anos de experiência na gestão de P&D e de times de engenharia e +13 anos no desenvolvimento de sistemas embarcados. Seus maiores interesses são aplicação de RH Estratégico, Gestão de Inovação e Tecnologia Embarcada como diferenciais competitivos e também em Sistemas Digitais de alto desempenho em FPGA. Atualmente, é editor e escreve para o "Repositório” (http://161.35.234.217), é membro do editorial do Embarcados (https://embarcados.com.br) e é Especialista em Gestão de P&D e Inovação pela Repo Dinâmica - Aceleradora de Produtos.
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