Multidisciplinar

Esppadas, Machado e Cota de Malha

Dado o volume gigantesco de informação existente, é possível ser multidisciplinar? Vale a pena?

O Maquiavel que quase ninguém entendeu…

Maquiavel define duas forças grandes em seu livro “o Príncipe” que podem levar ao sucesso: a Fortuna e a Virtude (virtu). A fortuna é o evento de sorte que, independente do cenário, leva o príncipe a atingir o seu objetivo. A virtude é o Príncipe que trabalha em suas habilidades para que as suas ações o levem a atingir os objetivos. Enquanto Maquiavel entende o poder da Fortuna, ele recomenda aos Príncipes que não contem com ela: todo e qualquer plano deve ser baseado na Virtude (virtu) do príncipe. Assim, tendo ele eventos de sorte, esta é somada ao seu resultado.

Porém, a ausência de sorte só é combatida com virtude. Por virtude, não se entende nobreza, bem agir e sim virtudes no sentido de habilidades (até mesmo para agir de forma nada nobre e virtuosa). Maquiavel prezava que a coleção de virtudes era indispensável ao bom Príncipe.

Acumular Conhecimento e Habilidades

Quanto mais uma pessoa for boa em várias coisas diferentes, em algum momento, esse conhecimento começa a se interconectar. Tal conexão permite que a pessoa acumule ou, pelo menos, compreenda mais coisas.

Em algum momento, isso irá gerar algum tipo de habilidade. Estas habilidades em coisas diferentes empilham-se a ponto tornar o profissional mais eficiente mesmo em tarefas não relacionadas com o seu trabalho. Por exemplo, um programador, que eventualmente entenda de química, se algum momento de sua vida precisar lidar com a programação de alguma máquina para esta indústria, pode cobrir alguma lacuna que talvez outros programadores não cubram.

É fato: o acúmulo de habilidades diferencia os profissionais.

Steve Jobs disse que eventualmente o que nós temos são pontos e com o passar do tempo e com a quantidade de pontos a gente passa a interligar esses pontos e desenhar as figuras que a gente quer. Mas há um problema: não dá para aprender tudo infinitamente.

Proficiência em Escolher Conhecimento

Ao longo de uma carreira, uma pessoa acumula conhecimentos e habilidades. Habilidades estas que, compostas, passam a ter coesão. Esta coesão permite ao profissional enxergar situações sob vários paradigmas e escolher, entre um leque, as melhores opções. A experiência é algo que não é medido em tempo, mas sim, em habilidade e conhecimentos acumulados. O bom uso desta experiência é o que se chama de proficiência.

Ninguém vai saber de tudo. Como diria o filósofo, só sei que nada sei. Um pouco injusto: aprendemos alguma coisa ao longo da vida. Dentre estas, talvez a melhor habilidade é separar conhecimento útil de conhecimento inútil para a resolução de um problema e mudar o estado de conhecimento entre útil e inútil ao longo da avaliação dessa solução.

Portanto, ainda vale a pena ser multidisciplinar: o tanto quanto puder, mas JAMAIS caindo na bobagem de saber superficialmente muitas coisas. E para quem já saiu da área técnica, então, é importante manter-se afiado

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Sobre rftafas 183 Artigos
Ricardo F. Tafas Jr é Engenheiro Eletricista pela UFRGS com ênfase em Sistemas Digitais e mestre em Engenharia Elétrica pela PUC com ênfase em Gestão de Sistemas de Telecomunicações. É também escritor e autor do livro Autodesenvolvimento para Desenvolvedores. Possui +10 anos de experiência na gestão de P&D e de times de engenharia e +13 anos no desenvolvimento de sistemas embarcados. Seus maiores interesses são aplicação de RH Estratégico, Gestão de Inovação e Tecnologia Embarcada como diferenciais competitivos e também em Sistemas Digitais de alto desempenho em FPGA. Atualmente, é editor e escreve para o "Repositório” (http://161.35.234.217), é membro do editorial do Embarcados (https://embarcados.com.br) e é Especialista em Gestão de P&D e Inovação pela Repo Dinâmica - Aceleradora de Produtos.
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