Mais um da série de contos corporativos...
Tulio, o vendedor.
Quando Tulio ficava entediado, ele saia do seu escritório para circular pela loja, avaliando toda a nova mercadoria que chegava. Tulio gostava de ler com calma as descrições dos produtos, suas aplicações e seus comparativos com os produtos similares.
Muito frequentemente, os clientes confundiam Tulio com um vendedor da loja. Tulio não se importava nem um pouco: ajudava assim mesmo. Como no caso do celular…
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Ah, sim, esse modelo é um pouco mais caro, mas este fabricante tem um melhor suporte.
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Mas vale a pena?
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Sim, vale.
E assim, mais uma venda se concretizava. Tulio pedia sempre: “Não esqueça de pedir para colocar “Tulio” como o vendedor”. Tulio fazia isso para mostrar a equipe de vendas que um trabalho bem feito era melhor que ficar desanimado.
Tulio não aceitava que aqueles vendedores fossem tão apáticos. Eles tinham um dos melhores empregos do mundo! Embora não fosse vendedor e tivesse suas próprias ocupações, ele sempre arrumava tempo – isso nas raras ocasiões em que não estava entediado – para ir até a loja e vender.
Tulio, nos intervalos em que vendia, era disparado o melhor vendedor da loja. Isso que ele nem era para ser vendedor…
***
Durante uma avaliação de rendimento e vendas da empresa, um vendedor se despontava de todos os demais, pelo bom atendimento e pela quantidade de vendas que realizava. Era Tulio. O gerente geral então, decide entregar-lhe um prêmio. Fez uma reunião solene e coletiva.
Após longo discurso sobre motivação, atendimento pessoalizado e como a empresa era ótima… Em como tratava bem seus funcionários, brada:
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Parabéns Tulio, nosso primeiro destaque em vendas! Venha aqui na frente!
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Não tem nenhum Tulio trabalhando aqui – murmurou alguém.
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Mas como então nosso melhor vendedor é esse Tulio?
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Os clientes pedem que coloquemos isso no campo observação.
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E ninguém nunca se perguntou porquê?
Tulio sequer era funcionário. Seu escritório ficava em frente à loja. Ele vendia porque gostava… Já os funcionários, mesmo sabendo do erro e mesmo nunca tendo ouvido falar no tal Tulio, não se importavam. Eles trabalhavam apenas pelo dinheiro, enquanto Tulio vendia por paixão.
Já o mais curioso é que Tulio, na verdade, era advogado e não gostava do que fazia. Porém, não mudava de emprego: ele também trabalhava apenas pelo dinheiro.
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