O mundo corporativo anda tomado por memes. Isso me remete a época dos powerpoints de autoajuda, aqueles que sua tia começou a mandar quando descobriu o que era um “e-mail”.
Aquilo é a síntese da antítese:
- Alguns diziam para viver intensamente.
- Outros, com moderação.
Aí alguém tem a brilhante ideia: e porque não viver intensamente com moderação?
Pois é. Isso acontece bem na sua frente.
A Contradição nas Empresas
Eu provo. Vamos confrontar a realidade de novo.
- Você acredita em análises de causa raiz?
- Você acredita que as pessoas são a chave dos processos?
- Você acha errado sair apontando culpados quando se avalia porque algo deu errado?
Se você concordou e acredita nas 3 coisas, você pode escolher:
- Nunca entendeu direito o que é análise de causa raiz.
- Nunca acreditou que as pessoas são chaves do processo e só repete isso pois pega bem pagar de líder
- Você é um cínico, que diz que não procura culpados mas, escondidinho, dá um jeito de apontar o canhão para alguém.
As empresas estão cheias destas contradições. Por que? Pois forçam gestores a entrar em um estado eterno de dissonância cognitiva.
A velha dissonância cognitiva
Eu tenho a mais absoluta certeza que muita gente vai discordar da minha análise acima. Vai dizer que é possível fazer uma análise de causa raiz sem ficar apontando culpados.
Claro, tal qual o powerpoint de viver intensamente a vida, mas com moderação.
Pior que eu até concordo que dê para impessoalizar algo, contanto que se elimine o fator humano, contanto que se tire totalmente o foco das pessoas: como em processos automatizados. Mas a saída comum não é tecnológica: é semântica. Curiosamente, pode-se chegar até o extremo do mau jornalismo brasileiro, como por exemplo:
Mas jamais podemos esquecer que se você tirar o fator humano, você avacalha seu perfil de líder. Ser líder é bacana, mesmo que não seja para você. E agora? Fácil: basta dizer que máquinas estragaram produtos por estarem mal programadas, vendas não se realizaram aconteceram porque pedidos não se fizeram, metas não se atingiram porque os indicadores não melhoraram.
Eu pergunto: o que tudo isso tem em comum?
A boa e velha dissonância cognitiva em que as ações e crenças não estão condizentes. Você não pode culpar as pessoas. Mas tem que fazer análises de causa raiz. E tem que acreditar que as pessoas são o centro do universo. Como se resolve isso? coletivizando tudo. A culpa, a meta, o processo. De quebra, coletiviza-se o sucesso; então, ninguém é promovido.
E quando é sua decisão?
Tornar alguém responsável por um erro não é necessariamente o mesmo que condenar alguém à forca. Quando feito direito, dá-se a pessoa uma excelente oportunidade de evolução e crescimento: é muito mais fácil corrigir algo quando se tem o problema isolado e identificado.
Aos gestores que tem o cacoete de falar sempre no coletivos, quando tiverem um profissional lento, recomendo manter a postura para ficar de consciência tranquila ao condená-lo a demissão na primeira balançada do barco: afinal, canetas demitem pessoas.
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