Presença Gerencial

O que é presença Gerencial?

Uma das maiores bobagens que eu ainda escuto de alguns gestores é:

É preciso ter presença gerencial. É o olho do dono que engorda o gado.

Conheço vários negócios que quebraram, mesmo com o dono quase neurótico controlando a empresa. E aqui está um equívoco verdadeiramente grande: não é a cobrança, o bafo na nuca ou o medo que motivam uma equipe. É o capim que engorda o gado. Tenho quase certeza que se o dono resolver por o gado dentro de um ginásio, ele não vai engordar…

Portanto não é o olho, mas sim, o que o gestor faz que realmente engorda o gado. É o que o gestor faz que realmente determina se ele tem ou não tem presença gerencial.

O que é a Presença Gerencial atual?

É a disponibilidade e atuação do gestor relacionado às atividades dos funcionários, com o objetivo que estes cumpram suas tarefas. Cobrar é apenas uma das ferramentas para isso. Há muito mais que pode ser feito:

  • Avaliar obstáculos (permitir as pessoas trabalhar!)
  • Arbitragem
  • Avaliação de Conhecimento
  • Balanço de Carga
  • (etc)

O gestor precisa entender que seus funcionários não estão lá para promover o nome dele (do gestor), mas sim, para desempenhar uma função para a companhia e para sua própria (deles, dos funcionários) satisfação. Portanto, ficar em cima, exigindo resultados só resulta em elevação no turnover.

E com certeza, não é:

  • Microgerenciamento
  • Cobrança Constante
  • Cobrança alta
  • Burocratização
  • (etc)

Porém, nada se compara ao maior e mais comum defeito de um gestor:

  • Politicagem interna.

Algumas Boas Práticas para Aumentar a Presença Gerencial

Permitir aos Funcionários Trabalhar

Basicamente, presença gerencial é o gestor estar por perto para remover todos os obstáculos presentes na execução das tarefas dos seus funcionários. Muito mais que “ficar em cima”, o gestor deve ser um recurso dos seus geridos para que seja possível que os mesmos executem suas tarefas.

Curiosamente, algumas empresas implementam sistemas de gestão em que o funcionário faz de tudo, menos trabalhar. Por exemplo:

  • Desenvolvedores que não desenvolvem, mas preenchem várias planilhas de acompanhamento de horas e gastam horas documentando algum tipo de processo;
  • Vendedores que não vendem, mas gastam horas preenchendo tabelas de preço, planilhas de leads, reports de viagem;
  • Gerentes que não gerenciam, mas gastam horas em reuniões intermináveis com clientes e fornecedores;
  • A fábrica, que desperdiça muito recurso e tempo com programas de redução de desperdícios e custos.

Isto são apenas exemplos. O resultado disso? Um impacto negativo direto na ebtida.

Arbitragem

Já vi discussões intermináveis e calorosas por causa das chaves em C. Uns querem na mesma linha, outros querem na linha inferior. Uns julgam usar apenas quando obrigatório, outros pregam usar sempre. Para piorar, quando o gestor resolve dar o voto de minerva, acaba provocando um estado de reatância em quem não teve sua ideia adotada.

A arbitragem é algo extremamente importante no gestor presente. Este tem que saber e avaliar os dois lados de uma disputa: raramente os dois lados tem o mesmo peso e argumento para qualquer disputa. Principalmente entre desenvolvedores, é bastante comum que um dos lados tenha assumido uma instância oposta apenas por já se encontrar em um estado de reatância psicológica.

Escolher um lado e apresentar uma definição de quais argumentos foram mais relevantes para tal decisão é uma das atividades de um gestor presente.

Avaliar as Necessidades da Equipe

Conheço gestores que não consegue atender a necessidade de sua equipe. Parece distante? Depende. Exemplos:

  • Gestores que não incentivam projetos dos seus funcionários (anti-engajamento);
  • Gestores que não dão feedback realista (enquadram a equipe inteira numa nota media);
  • Gestores que evitam todo e qualquer confronto;
  • Gestores que acreditam que todas suas palavras e decisões são sábias (e que seus funcionários são obrigados a digerir sua sabedoria; normalmente acompanhada com meus cabelos brancos).

Tudo isso é comportamento de gestores que não ligam para as necessidades de sua equipe. Um gestor que realmente se importe, irá escutar o time e irá tentar atender o que parecer necessário. O que for enquadrado como supérfluo, deve ser apresentado como tal ao funcionário, para que este ou entenda ou produza algum argumento que mude a opinião do gestor.

Há mais?

Sim, há muito mais que possa vir a fazer o gestor ter uma presença positiva no cotidiano da equipe. O que foi apresentado neste texto foi apenas o que define, atualmente, o mínimo de um cargo gerencial. Não é preciso ser um Líder para por em prática tais conceitos: é preciso apenas ter bom senso.

Para quem já é gestor, fica a pergunta: o que é feito por você para que você tenha um impacto positivo na equipe?

Eu tenho quase certeza que raríssimos gestores pensam sobre isso, mesmo depois de ler toneladas de livros sobre liderança, gerenciamento ou sobre estilos de figuras conhecidas e admiradas.


Reconheceu seu gestor aqui? Recomende as leituras d’O Repositório para ele!


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Sobre rftafas 183 Artigos
Ricardo F. Tafas Jr é Engenheiro Eletricista pela UFRGS com ênfase em Sistemas Digitais e mestre em Engenharia Elétrica pela PUC com ênfase em Gestão de Sistemas de Telecomunicações. É também escritor e autor do livro Autodesenvolvimento para Desenvolvedores. Possui +10 anos de experiência na gestão de P&D e de times de engenharia e +13 anos no desenvolvimento de sistemas embarcados. Seus maiores interesses são aplicação de RH Estratégico, Gestão de Inovação e Tecnologia Embarcada como diferenciais competitivos e também em Sistemas Digitais de alto desempenho em FPGA. Atualmente, é editor e escreve para o "Repositório” (http://161.35.234.217), é membro do editorial do Embarcados (https://embarcados.com.br) e é Especialista em Gestão de P&D e Inovação pela Repo Dinâmica - Aceleradora de Produtos.
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