Dicas para arrematar um emprego em desenvolvimento Parte IV: A Espera

Ansiedade, preocupação, desânimo. Esperar por uma vaga, estando empregado ou não, é uma situação um pouco incômoda, quando se está depositando esperança de consegui-la.

A Espera

A quem está empregado e está decidido a deixar a empresa, o momento de espera é tedioso. A vontade de trabalhar é pouca e o desinteresse toma conta. Por outro lado, quem está sem emprego sofre de mal parecido: assolado pela ansiedade, o candidato desmotiva e desanima.

Nos dois casos, existe uma condição comum: é ruim esperar pela resposta por uma vaga. E um momento delicado, portanto.

Os dados que possuo é que leva-se, em média, 6 semanas para encerrar um processo seletivo.

Dica 43:
Não fique sem agir durante a espera por uma vaga.
Dica 44:
Defina um prazo para esquecer uma vaga (sugestão: máximo de 1 mês após entrevista).

Esperar Empregado

Em hipótese alguma o candidato empregado deve se deixar levar pelo sentimento de desapego total ao emprego atual. É muito provável que a empresa continue suas operações sem o funcionário e minha experiencia e de que 2 ou 3 semanas apos a partida de alguém, ninguém mais recorda desta pessoa.

Dica 45:
Mantenha sua imagem de excelência.

Continuar dedicando-se como se ainda tivesse perspetivas é difícil. Eu adoto um truque: mostrar o melhor do meu trabalho para a empresa saber o que perdeu (mesmo que tudo a empresa e antigos colegas vão esquecer isso em algumas semanas).

Portanto, apesar de que todas as dicas a seguir sejam voltadas a quem está Desempregado, para alguém empregado, conforme o temo venha a permitir, pode também desejar seguir algumas das dicas.

Esperar Desempregado

Esperar uma oportunidade de emprego sem estar empregado é bastante mais difícil do que para quem está empregado. A única coisa que eu recomendo é manter a calma, mas isso não é uma dica: é um mantra que deve ser repetido sempre que a ansiedade bater.

Eu costumo dizer que trabalho e emprego são coisas distintas. Da para ter bastante trabalho mesmo sem estar empregado. E nesta parte, o foco são os desenvolvedores que estão buscando recolocação.

Bem estar

A atividade de desenvolvimento é muito sedentária. Eu sempre repito insistentemente isso, pois é muito grande o número de profissionais com baixa performance por problemas de saúde. Além disso, principalmente quem está desempregado, a ansiedade aliada a maus hábitos pode ser uma formula explosiva.

O bem estar deve ser algo a ser levado muito a sério quando se está desanimado com o emprego atual também. O mau humor de ter que agir contra a vontade não é também algo fácil de depurar…pode aproveitar o tempo extra para limar

Dica 46:
Mantenha-se saudável.

Cuidar da Saúde

Correr não precisa nada mais do que uma bermuda, uma camiseta e um par de tênis. É saudável, vai ocupar o tempo com algo positivo e prover as endorfinas necessários para que o candidato mantenha a motivação e, principalmente, auto estima.

Também ajuda a espantar o sedentarismo inerente do desenvolvimento.

Dica 47:
Pratique Esporte.

É muito mais útil sair para correr por uma hora do que ficar em casa olhando o e-mail a cada 5 minutos ou o celular para verificar se houve algum contato de algum empregador. Isso e totalmente contraprodutivo: não só vai aumentar a ansiedade, pode gerar desespero e por os níveis de cortisol no teto.

Portanto, corra. Se o dinheiro permitir, uma academia. Para um desenvolvedor sem emprego, aproveitar que ela esta vazia no meio da tarde para fazer exercícios é uma ótima ideia. Isso vai parecer conselho genérico daquele programa de radio de saúde que sempre da a mesma dica:

Dica 48:
Saúde física é saúde mental. Corpo são, mente sadia.

Motivação e Bom Humor

O maior desafio nessa fase e manter-se motivado.

Se o profissional está sem emprego, deve colocar isso como seu maior foco. Manter-se motivado e tranquilo não é uma tarefa nem um pouco fácil, principalmente com o que se vê de notícia ruim hoje em dia.
Por sorte, existe jeito de combater isso. Uma das boas fórmulas é separar o que é felicidade e o que é alegria: alegria é um estado de humor, de atitude. Felicidade é um estado de espírito, ou seja, uma condição mental.

A atitude é influenciada pelo meio. Uma condição é função deste meio. Você escolhe sua atitude frente ao mundo, mas não escolhe como se sente relacionado ao que enfrenta. Então ai vem um conflito: de onde vem a motivação? Estudos indicam que a motivação deriva da atitude da pessoa, portanto, da sua capacidade de portar-se de maneira mais positiva quanto ao mundo.

Dica 49:
Leia notícias boas e consuma informação positiva.

Em resumo, esta super simplificação do tema deve servir apenas para uma única conclusão : o candidato não pode desanimar. E isso depende muito dele ao evitar contaminar-se com excesso de ponto de vistas negativos.

Coaching x Psicólogo

Eu realmente acho que tem muita gente que está pagando por coaching que deveria mesmo estar em tratamento psicológico. Conheço muito desenvolvedor que faz questão, mesmo que precise mentir para isso, de fazer questão de contrariar a opinião comum do grupo em que se encontra.

Naturalmente, a quantidade de gente sabe o que num desenvolvedor faz é muito pequena. Então, se ser diferente faz o sujeito sentir-se especial, ele já o é. Não precisa se esforçar para isso.

Dica 50:
Lembrar que somos apenas humanos normais.

Lembre se que nem sempre são os candidatos mais geniais que levam uma vaga, mas sim, aqueles cujo perfil indica que vá trazer mais lucros para a companhia, ou seja, aquele que aparenta conseguir entregar mais tarefas no prazo e com a qualidade devida e ainda consegue ajudar seus colegas com as deles. Ser esquisito não vai ajudar nisso.

Pior ainda quando o sujeito resolve contrariar o entrevistador desnecessariamente…

Atividades Extracurriculares

Atividades extracurriculares são atividades que não são as principais atividades pedidas por entrevistadores, mas podem fazer total diferença durante uma entrevista. Desenvolvedores empregados vão encontrar um pouco mais de dificuldade de estudar coisas novas que desenvolvedores sem emprego.

Um dos maiores exemplos que consigo imaginar é pacote Microsoft Office: muito desenvolvedor jura que conhece Excel, mas, no fundo, só sabe abrir e salvar planilhas simples.

Aprenda uma nova habilidade

Enquanto espera para ser chamado para uma vaga, o candidato não deve ficar parado. Principalmente os desenvolvedores: eu até hoje me arrisco um pouco na área técnica. Eu não quero perder a habilidade de aprender e desenvolver coisas.

Dica 51:
Não deixe de evoluir.

Estudos indicam que a capacidade cognitiva diminui com a idade, porem, em razão muito maior do que essa redução, diminui a quantidade de coisas que precisamos aprender.

Por exemplo: quem já sabe projetar sistemas embarcados só precisou mudar do databook para a internet.

O ponto principal é que é importante que o candidato demonstre com essa atitude a tão pedida proatividade. Eu havia mencionado que trabalho e emprego não são a mesma coisa. Portanto, ao ocupar-se com adquirir novas habilidades, o desenvolvedor estará trabalhando.

Dica 52:
Deixe muito claro para todos que você não está parado.

Quando se fala em aprender uma habilidade, as pessoas pensam em poesia, pintura, trabalho em madeira e etc, mas na verdade há inúmeras atividades muito mais úteis que um desenvolvedor pode aprender. Para desenvolvedores em geral, eu recomendo:

  1. Aprender sobre Gerenciamento de Projetos
  2. Ler sobre RH e Coaching.
  3. Ler sobre Filosofia
  4. Estudar outra linguagem de programação
  5. Ler bons livros (totalmente puxando a sardinha, o Autodesenvolvimento pode ajudar!!!)
  6. Montar sua própria estrutura de internet. Mail, cloud storage e etc. Isso pode ser feito ate com VMs.
  7. Uber pode ajudar emergencialmente para pagar as contas.

O resto é igual: aprender a aplicação, estudar uma solução e por ela em prática.

Soluções milagrosas

Não procure ou perca tempo com soluções milagrosas. se houvesse um jeito de ganhar um bom dinheiro em 2 horas de trabalho semanal, porque não estender essa fórmula para 40 horas e ganhar 20 vezes isso?

Eu respondo: porque é engodo.

Soluções tipo marketing multinível ou pirâmides só servem para tomar tempo e dinheiro. Não perca tempo com isso: no desespero, alguém pode sentir-se tentado a ser “o escolhido”, afinal, há sempre algum caso fracamente comprovado ou normalmente distante de alguém que enriqueceu com isso.

Dica 53:
Coloque seu foco nas suas atividades.

Existem infelizmente muitos charlatães para tomar dinheiro de quem talvez até esteja com dificuldades. Não há atalho: apenas o trabalho consistente de buscar recolocação vai, obviamente, recolocar o candidato de volta ao mercado.

Dica 54:
Mantenha a confiança na sua estratégia.

Networking

Os conhecidos são a primeira fonte de networking. Porém, além deles, o período de procura por novas vagas pode enriquecer muito a experiencia de netoworking. Desenvolvedores tendem a subestimar, por exemplo, o poder das redes sociais em suas carreiras.
Vou avaliar abaixo um pouco mais sobre este assunto.

Analog Networking

As pessoas tem perdido a habilidade de fazer novos contatos. Eu noto, por exemplo, que uma pessoa olhará muito estranho para você se você abordá-lo, por exemplo, em algum café. Então, como fazer isso?

Dica 55:
Faça e mantenha contatos.

Tem outras maneiras. Por exemplo, a todo momento tem alguma feira acontecendo. Muitas sequer cobram inscrição. E não necessariamente a feira precisa ser de tecnologia. Ou melhor: toda feira, no fundo, e de tecnologia.

Dica 56:
Mantenha a mente aberta.

Visite uma feira de supermercados por exemplo. O que sera que esta na tendencia? O que esta sendo desenvolvido? No mínimo, o desenvolvedor vai ver ideias e fazer novos contatos.

A vantagem de ser desenvolvedor, principalmente se for de sistemas embarcados e ainda mais com toda essa onda de conectividade, é que praticamente qualquer coisa hoje em dia tem motivo para estar ligada a internet. Portanto, qualquer coisa é um potencial sistema a ser desenvolvido.

Tudo que pode ser desenvolvido dá dinheiro. Então, espere a presença de potenciais empresas em feiras. E, com isso, a descoberta de potenciais empregadores.

Digital Networking

Publique um texto com uma opinião sua e veja o impacto relativamente baixo. Agora publique uma foto de algum animal fofo, bebendo algo ou, se optou por uma rede profissional, algum jogo matemático ou algum meme: rendeu muito mais. Com isso, a pessoa vai notar que pouca gente realmente se importa com o que ela tem a dizer.

Dica 57:
Seus amigos nas redes de networking não são seus amigos.

Portanto, sem colocar desabafos ou reclamações. Muito menos depoimentos quando (eu espero) conseguir arrumar um emprego. E, principalmente, o candidato não deve sair por aí adicionando tudo quanto é pessoa na esperança de que isso vai lhe ajudar a emplacar um emprego. Simplesmente não vai.

Open networkers são o SPAM personificado.

Um segredo: a maior parte dos open-networkers quer a maior quantidade de contatos para publicar seus produtos e serviços, sejam estes na forma convencional ou sob a forma de conteúdo. Como a ideia destas pessoas é apenas atingir a maior quantidade de gente (e não necessariamente consumir conteúdo), uma publicação importante pode cair no limbo.

Em outras palavras: open networkers são o SPAM personificado.

Dica 58:
Mantenha contatos úteis.

Certamente há quem tenha conseguido emprego assim. Contudo, é o velho problema de estatística: se há probabilidade de algo acontecer e tendo um número de eventos suficientes, este algo é quase garantido de acontecer. Enfim, não faca isso.

Por quê? Porque os compartilhamentos de alguém não são distribuídos para TODOS os contatos. São distribuídos para apenas alguns contatos. Portanto, Quando alguém tem muito peso morto em sua rede social, chance existe de que o conteúdo gerado acabe na mão de quem não vai ler.

Dica 59:
Apague contatos inúteis.

Eu recomendo uma verdadeira faxina nas redes sociais e limpar tudo quanto é peso morto. Gente que o candidato não conhece, que não publica nada que ele goste, que jamais interagiu com ele ou sequer curtiu uma publicação… São sérios candidatos a remoção. Desta forma, os contatos reais vão ver aquilo que o candidato compartilha. Vão lembrar dele. Aí sim, finalmente acontecerá o que o “digital networking” faz: vai facilitar indicação, irá promover recomendações e etc.

A propósito: já que o candidato estará revisando as redes sociais, é um ótimo momento para reestabelecer contato com aquele colega de segundo grau. Com aquele amigo da faculdade que a vida afastou.

Dica 60:
Reestabeleça contatos perdidos.

Não é incomum alguém ficar feliz por saber o paradeiro de alguém.

Perfil nas Redes Sociais

Já que o desenvolvedor, se estiver seguindo até aqui, deve estar pensando em sua vida digital, convém colocar mais algumas coisas a respeito disso.

Dica 61:
Limpe bobagens do seu Perfil.

No item anterior, falei dos contatos. Agora, recomendo nesta etapa uma verdadeira limpeza na vida social digital, já que, se a internet é o melhor lugar para encontrar vagas, é também o melhor lugar para buscar mais informação dos candidatos. Eu sempre recorro as redes sociais como um amparo a avaliação do currículo do sujeito: dependendo do que vejo lá, nem chamo para entrevista.

Dica 62:
Entrevistadores podem ser verdadeiros stalkers (perseguidores malucos).

Descarta-se muita gente com uma simples passada em um perfil de Facebook ou Google+. Exemplos de coisas erradas:

  • O sujeito é recém formado e ainda mantém em seu Facebook aquelas fotos de festa de faculdade
  • Coloca como nome algum apelido pejorativo “do qual ele se orgulha”
  • Publica memes de cachorro em horário comercial (enquanto deveria estar trabalhando)
  • Fala mal do seu último emprego.
Dica 63:
Arrume sua vida digital.

Não pega nada bem.

Busque Oportunidades

A Parte I foi quase toda dedicada para a busca de oportunidades. Para não repetir, fica apenas a recomendação de reler ela inteira e rever aqueles conceitos. Considero as dicas de 1 a 10 são cruciais para a busca mais convencional por vagas.

Vou dar agora algumas dicas para buscar vagas um pouco mais agressivas que eu considero secundárias, mas que podem ajudar mesmo assim.

Comunidades online

O pessoal de software até poco tempo era mais bem servido nesse quesito, contudo, iniciativas como Arduino, impressoras 3D e etc, mudaram o jogo. O desenvolvedor não precisa estar empregado para estar trabalhando. Ao fazer isso ele mantêm-se atual, faz mais contatos e divulga seu trabalho.

Dica 64:
Ensine o que você sabe em alguma comunidade

Porém, quem diz que o foco deve ser apenas aprender? Por que não participar de uma comunidade ajudando os demais? Demonstrar senioridade é sempre um excelente chamariz para eventuais empregadores.

Sites de Vagas

Não existem tantos desenvolvedores assim. Portanto, mesmo sites de vaga pagos as vezes vão desejar sugerir alguém para preencher as vagas que foram contatados: se eles não enviarem bons currículos aos contratantes, estes vão migrar para outras mídias.

Dica 65:
Não tenha medo do SPAM: cadastre-se em vários sites de vagas.

Idem para os sites dos head hunters. Portanto, no lugar de entupir sua rede social adicionando todo o headhunter que você enxergar, procure o site deles e cadastre-se.

Quanto aos sites gratuitos, nem preciso dizer: todos.

Dica 66:
Mantenha sua intimidade privada. Sua carreira é informação pública.

Conclusão

Depois de toda essa série de artigos sobre procurar emprego, avaliar mercado e etc, espero que os desenvolvedores entendam melhor como funcionam pormenores de processos seletivos para conseguir demonstrar o seu melhor ao longo deles.
Foi uma série extensa e utilizei varias referencias para elaborá-la, tentando ao máximo torná-la útil aos desenvolvedores e tentando colocar as coisas de um jeito que fique mais amigável e tentando explicar o motivo de cada dica.
Uma última dica final, que eu posso colocar aqui, seria:

Dica Final:
Um bom desenvolvedor desenvolve-se, depura-se e sempre cumpre suas tarefas.

Espero que esta série realmente tenha ajudado.


Na parte V parte: um resumo de todas as dicas.


 

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Sobre rftafas 183 Artigos
Ricardo F. Tafas Jr é Engenheiro Eletricista pela UFRGS com ênfase em Sistemas Digitais e mestre em Engenharia Elétrica pela PUC com ênfase em Gestão de Sistemas de Telecomunicações. É também escritor e autor do livro Autodesenvolvimento para Desenvolvedores. Possui +10 anos de experiência na gestão de P&D e de times de engenharia e +13 anos no desenvolvimento de sistemas embarcados. Seus maiores interesses são aplicação de RH Estratégico, Gestão de Inovação e Tecnologia Embarcada como diferenciais competitivos e também em Sistemas Digitais de alto desempenho em FPGA. Atualmente, é editor e escreve para o "Repositório” (http://161.35.234.217), é membro do editorial do Embarcados (https://embarcados.com.br) e é Especialista em Gestão de P&D e Inovação pela Repo Dinâmica - Aceleradora de Produtos.
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