
Eu costumo dizer: se você está feliz, fique quieto. Talvez quieto seja interessante, mas e parado? Aí já não tenho certeza…
Sistemas Binários
Não, neste caso não comento sobre ‘0’ e ‘1’. O sistema binário a que me refiro são sistemas de estrelas que ficam girando, uma em torno da outra. Ao olhar de longe, parecem a mesma coisa. De perto, vemos uma briga feroz entre dos corpos gigantescos lutando uma contra a outra.
Eu, sempre que vejo estes sistemas, imagino que há dois locais seguros: bem longe deles (talvez até orbitando o sistema binário) ou então no ponto mais arriscado: exatamente no centro de massa entre os dois sistemas, ou seja, no ponto em que as forças dos dois titãs se anulam.
Por que raios isso tem a ver com carreira?
Porque tem muitas correntes de pensamento muito poderosas que se contradizem e nenhuma delas está certa ou errada… São duas estrelas orbitando. E a gente no meio, tentando ficar no ponto de equilíbrio.
Ou então como um sortudo, que pode ficar orbitando ambas…
A Satisfação x Inconformidade
Os dois grande titãs a que eu me refiro são a satisfação, necessária para se aproveitar louros de vitórias e a inconformidade, que faz você se mexer por algo melhor. Enquanto a satisfação faz você aproveitar a sensação de estar deitado em uma rede na beira da praia, a inconformidade faz você pensar que ficaria muito melhor se estivesse ali com uma margarita nas mãos…
Esses dois titãs ficam se debatendo dentro da cabeça da pessoa. A satisfação encontra um adversário (e não o oposto, como seria a insatisfação, que raramente é positiva) na inconformidade e vice-versa. O sujeito, então, passa a ter estas duas estrelas rodando na sua cabeça.
A Soma Zero Filosófica
Coisas deste tipo geram o que eu chamo de efeito de soma zero de correntes filosóficas, em que uma corrente, muito válida, encontra um vetor de força igualmente válido em sentido contrário.
Porque é importante saber disso? Para sempre entender que há o famoso outro lado da moeda. Conheço colegas que eu julguei serem acomodados, mas, no fundo, eles só estavam satisfeitos. Muitas vezes, acompanhei gente brilhante mas extremamente inconformada que soavam irritantes e descontentes.
Eu percebi que as pessoas com os maiores índices de sucesso eram aquelas que conseguiam manter forças em equilíbrio. Eram mais felizes, tinham menos alcunhas (eram menos taxadas disso ou daquilo) e arrumavam para si menos problemas improdutivos (o tipo de problema que você sempre sai no prejuízo, mesmo quando resolve a bucha, ou mais conhecido como encrenca).
A carreira, ou melhor, a escolha de cada um
Bom, gente feliz arrisca (inconformidade) ou fica onde está (satisfação)? Eu diria que depende muito. Depende de qual vetor precisa ser compensado. Se tudo está muito parado, pode ser hora de agir. Se tudo está muito calmo, pode ser hora de agitar.
Falar é fácil. Como saber disso? Isso parece conselho de coaching de conveniência.
Bom, eu costumo usar o senso do estômago. Quando está muito calmo, fico ansioso, pois começa a bater aquela ideia sobre o que os outros estão fazendo. Outro jeito de pensar: terror do domingo a noite. Mais um? Usar a frase “aqui sempre foi assim.”
Por outro lado…
Já quando estou em uma correria muito grande, sem tempo para nada, começo a buscar os resultados dos meus esforços e se não encontro algum, passo a me questionar se já não estou apenas lutando contra um moinho de vento, no caso, caçando emoção onde não deveria haver nenhuma.
*Agradecimento ao Euripedes Rocha Filho pela sugestão de tema.