Será que um time executivo profissional administraria uma padaria?
Mais uma leitura da série Contos Corporativos.
CEO e a Padaria
Então Rubia, que era uma muito bem sucedida CEO, herdou uma padaria e, por ser desejo final do seu finado pai, ela tomou as rédeas do negócio. O pai de Rubia havia tirado todo o sustento, pago a faculdade, criado seus filhos e mantido a família, enfim, feito a vida, tudo com aquela padaria. Só parou, ele mesmo, de fazer os pães, com muito pesar, quando a idade não mais permitiu.
Rubia decidiu que tudo o que aprendera até então poderia ser usado para gerenciar a padaria em memória do seu pai.
A a primeira coisa que o CEO fez foi agendar reuniões com os demais donos de padaria e fabricantes de farinha, granjeiros e etc, tentando assegurar os melhores contratos para a padaria. De conversa em conversa, ela se comprometia em comprar a farinha de um, os ovos do outro sem sequer negociar preços, no entanto, determina ao seu time de compras que execute conforme seu compromisso pessoal, mas em nome da empresa. Relações fortes, segundo ela, garantem um bom negócio: era óbvio que os distribuidores com quem conversava lhe ofereceriam os melhores preços.
De tanto fazer isso, Rubia ficava sem tempo. Como não tinha tempo, Rubia então contratou um diretor para a fabricação de pães, um diretor para a área de atendimento e um diretor financeiro.
Os diretores, então, trouxeram péssimas notícias a Rubia: embora a padaria desse lucro até aquele momento, era impensável como isso se manteria pois não havia nenhum relatório de vendas, nenhum forecast, nenhuma previsão de uso de farinha e, pior, os padeiros compravam farinha conforme precisavam, ligando diretamente ao fornecedor. O gerente de caixa, que fazia parte da contabilidade, pagava e era assim que os pães eram produzidos.
Sem nenhum controle. Um absurdo.
Rubia, como boa CEO, comandou e instaurou os melhores modelos de gestão e acompanhamento. Mas as vendas começaram a cair. O diretor de fabricação, então, informou que era óbvio que os padeiros haviam perdido produtividade, mas que nada daquilo era ligado ao fato de que agora eles tinham que estimar quanta farinha precisariam: este relatório não demorava nem 10 minutos para ficar pronto.
Era falta de profissionalismo.
E assim, mais problemas como este, que infernizavam a padaria. A falta de gestão foi removendo mais e mais problemas e a padaria ia se revelando cada vez menos lucrativa conforme mais e mais problemas eram descobertos. Rubia, no auge de sua frustração, passou a se perguntar se o seu pai era, de fato, um bom padeiro e se não havia algum tipo de esquema estranho que ele usava para ganhar dinheiro.
Um dia o pior aconteceu. Faltaram pães para ser vendidos. E não tinha ninguém para atender os consumidores. Nem caixa para cobrar. Era o fim. Rubia pensou em pular fora com seu pacote executivo, mas descobriu duas coisas:
- ela era dona da padaria e não teria nenhum tipo de bônus ao sair.
- esta era a padaria do seu pai. Seu querido pai.
Rubia ficou muito triste, mas quando resolver sair do seu escritório para ver o que acontecia, haviam demitido todos os padeiros pois o estoque de pães era alto e não havia porque manter tamanha unidade operacional.
Só que uma padaria tem que ter pão quentinho todo dia.
Só havia uma coisa a fazer: Rubia demitiu todos os executivos. Recontratou os padeiros e atendentes e deu-lhes o voto de confiança, o mesmo voto de confiança que seu pai dava todo dia e que sustentou a padaria como negócio próspero por muitos anos.
Foi muito aprendizado: empreender não era algo para qual Rubia, a CEO, estava preparada…
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