
Se ninguém ficasse doente, não precisaríamos de remédios e da maioria dos médicos. Se não chovesse, ninguém precisaria de telhado. É justamente por haver coisas a serem feitas ou problemas a serem resolvidos que fundamentam a existência da maioria dos empregos.
Costumo dizer: se tudo que fosse preciso já estivesse pronto, não haveria a necessidade de engenheiros. No entanto, ao mesmo tempo que tarefas a serem feitas e problemas a serem resolvidos são justamente o que gera a necessidade de um emprego existir, temos profissionais reclamando – e não pouco – que existem problemas a serem resolvidos.
Isso é perturbador.
Para tocar a Bruxa no Fogo, deve haver bruxas.
Ou tocar fogo na Bruxa, caso alguém queira. Resolver problemas, curar doenças, ensinar a fazer atividade física, acompanhar crescimento… Ou aplicar um produto para colar peças, ou usar engrenagens mais resistentes. Seja como for, é a necessidade que gera a oportunidade .
E isso vale para produto e serviço. Um emprego nada mais é que um serviço prestado a uma empresa. Portanto, sua validade, necessidade e, por fim, sua existência depende da existência de coisas a serem feitas.
Não interessa o quão alta seja a empregabilidade de alguém: se a função que ela executa com maestria não for necessária, essa pessoa não terá emprego. Muito provavelmente vai ter que mudar de área e fazer outra coisa da vida.
Agentes de Mudanças: o Revolvedores de Problemas
As empresas pregam – e muitas honestamente buscam – agente de mudança. Agentes de mudança normalmente tem uma coisa em comum: eles são eficientes em identificar problemas e apontar soluções. Veja o ponto importante: apontar solução, não apontar problema.
Resolver problemas não é uma tarefa simples. Como diria Maquiavel, toda mudança grande não conta com o apoio daqueles beneficiados por ela devido a desconfiança destes; contudo, de imediato já sofre com a contrariedade e animosidade daqueles que, seja lá porquê, sentiram-se prejudicados por ela.
Mesmo assim, resolver problema é um mau necessário: seja para a empresa, seja para dar motivo ao emprego.
Quem reclama demais não resolve nada.
Conheci um diretor de empresa que adorava reclamar da própria organização, falar mal de alguns funcionários e, no entanto, não aceitava seu papel no panorama negativo da empresa. Por quê? Simples: o problema era dos outros, não dele.
O ponto mais curioso é que se o problema é sempre dos outros e os outros que resolvam, para que essa pessoa tão alheia a tudo seria necessária? A resposta é óbvia: não seria. Como não são necessários a maioria dos gestores, diretores e profissionais que, escondendo-se atrás da delegação, dos empecilhos e de qualquer outra desculpa, não fazem o que precisa ser feito.
No lugar de ficar reclamando, não seria melhor investir energia em melhorar a empresa? Afinal, ainda bem que as empresas tem problemas, senão, para quê elas precisariam das pessoas?